Entidade afirma haver risco de concentração de mercado; mineral crítico vital para transição energética é extraído no interior de Goiás
NiqNews/Gilmar Alves – Com informações do Jornal Folha de São Paulo
Depois da grande repercussão internacional sobre a venda das minas de níquel de Barro Alto e Niquelândia para a empresa chinesa MMG, o caso passou a mobilizar também os Estados Unidos.
O Instituto Americano de Ferro e Aço (AISI) enviou um alerta ao governo de Donald Trump afirmando que a concretização do negócio daria à China “influência direta” sobre parte significativa das reservas internacionais de níquel, aumentando as vulnerabilidades da cadeia global de suprimentos desse mineral estratégico.
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A Anglo American, multinacional de origem sul-africana e britânica, vendeu suas operações no Brasil — incluindo as plantas de Barro Alto (GO) e Niquelândia (GO), além de projetos no Pará e em Mato Grosso — por US$ 500 milhões (cerca de R$ 2,7 bilhões). A compra marca a entrada da MMG, braço da estatal China Minmetals, no mercado brasileiro de níquel.

Pressão americana
Na carta enviada ao USTR (Escritório do Representante de Comércio dos EUA), o AISI pediu que a administração americana leve o tema ao governo brasileiro e busque alternativas que preservem a “propriedade orientada pelo mercado” desses ativos estratégicos.
Segundo o presidente da associação, Kevin Dempsey, a operação pode ampliar o domínio da China sobre o níquel, que já é forte na Indonésia, maior produtora mundial, e avança agora no Brasil. “Produtores americanos de aço inoxidável veem a aquisição proposta como um esforço da China para fortalecer ainda mais seu controle sobre o fornecimento global de níquel”, declarou.
Investigação em andamento
O posicionamento do AISI foi protocolado em 18 de agosto no âmbito de uma investigação comercial aberta pela gestão Trump contra o Brasil, que analisa diferentes práticas no comércio bilateral, incluindo questões ambientais e digitais.
Enquanto isso, na Europa, a venda pode virar processo na Comissão Europeia, e no Brasil o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) já foi acionado para avaliar a concentração de mercado.

Impacto local
Com a transação, as operações de Barro Alto e Codemin (Niquelândia) passam para o controle da MMG. Juntas, elas respondem por mais da metade da produção nacional de níquel, mineral considerado essencial para a indústria do aço inoxidável e para baterias utilizadas na transição energética.
*Texto adaptado pelo portal Niquelândia News de matéria do jornalista Ricardo Della Coletta exibido nessa segunda-feira, dia 25 de agosto.
