Atraso no Pagamento de Servidores Públicos em Niquelândia Gera Ameaça de Paralisação

Acesso principal da prefeitura de Niquelândia. Foto: Arquivo NiqNews

O presidente do sindicato convocou ato para segunda, dia 18, o prefeito disse que pagará.

NiqNews/ Gilmar Alves

Um áudio gravado pelo presidente do Sindicato dos Servidores Públicos de Niquelândia, Jair Dias de Almeida, conhecido como Jair Bala, circulou nas redes sociais nesta semana e despertou atenção pelo seu conteúdo. A gravação, vazada de um grupo privado, traz um alerta aos servidores sobre a possibilidade de uma paralisação dos serviços públicos devido ao atraso no pagamento salarial.

Em busca de mais esclarecimentos, o Niq News entrevistou Jair Bala, que não apenas confirmou a possibilidade da greve, como também convocou a categoria para uma paralisação caso a Prefeitura de Niquelândia não efetue o pagamento referente ao mês de outubro.

Confira os detalhes da entrevista a seguir.

Presidente do Sindicato dos Servidores Públicos de Niquelândia, Jair Dias de Almeida (Jair Bala). ”Os servidores estão nervosos”. Foto: NiqNews

NiqNews – Presidente Jair, em um áudio que circulou, o senhor fala sobre a possibilidade de paralisação. O tema “greve” assusta tanto os servidores quanto o comércio. Vamos chegar a esse ponto ou o senhor espera resolver isso da forma mais pacífica?

Jair – Olá a todos os leitores. Esse áudio foi gravado em um grupo fechado, mas, quando você fala a verdade com razão, não há problema em divulgá-lo. Um áudio verdadeiro causa surpresa, especialmente para aqueles que não acompanharam o que já fizemos no passado. Desde 2007, já organizamos cinco ou seis grandes greves, se não me falha a memória. Em uma delas, ficamos 28 dias paralisados.

Muita gente está assustada, mas quem deveria realmente estar preocupado são aqueles que estão administrando o município. A atual gestão, que durante quase sete anos parecia ser uma das melhores que já vi, cumprindo tudo certinho, desmoronou após o período eleitoral. Parece até uma vingança ou descuido. O próprio chefe do Executivo afirmou, com todas as letras, a várias pessoas via WhatsApp e pessoalmente, que não vai pagar ninguém.

Agora, se o trabalhador prestou serviço para o município e não recebeu, ele tem duas opções: ou enquadra publicamente o prefeito, o que é inviável em uma sociedade civilizada, ou recorre às forças legais, como a polícia, o judiciário, o Ministério Público e o sindicato. E foi isso que fizemos: cobramos legalmente. Porém, diante das respostas negativas ou vazias que só servem para ganhar tempo, não temos alternativa além de iniciar uma greve. Na próxima segunda-feira, conclamo todos os servidores do município a se reunirem em frente à Prefeitura para deliberarmos sobre a paralisação. Com a decisão da maioria, 50% mais um dos presentes, vamos definir se a greve será por tempo indeterminado ou até que os pagamentos sejam feitos.

NiqNews – O senhor chegou a conversar com a Prefeitura? Existe disposição de pagamento? Porque, no áudio, o senhor menciona o bloqueio das contas da administração. Essa greve não seria um exagero?

Jair –Não é exagero, é a medida certa. Conversei com várias pessoas da Prefeitura. Falei com Arnaldo Nolasco, o Arnaldinho, chefe de gabinete do prefeito, que tem feito de tudo para ajudar, mas não tem poder de decisão. Também falei com a doutora Nubiana, a que é secretária de governo, sempre muito prestativa, mas sem autonomia para resolver a questão. O secretário de Finanças, senhor Francisco, o Chiquinho, também me atendeu bem e mostrou que o problema é grave. O buraco é mais embaixo.

Porém, não falei com quem tem a obrigação de resolver: o prefeito. Foi ele quem foi eleito. Quando tudo estava bem, ele aparecia nas fotos. Agora que a situação está ruim, onde ele está?

Os servidores estão nervosos, com contas de água e internet sendo cortadas, além de ameaças de negativação por causa de consignados atrasados. Muitos estão se sustentando no fiado, mas isso não vai durar. Estamos revivendo o passado sombrio de 2009 e 2010, quando ficamos meses sem pagamento.

NiqNews – Presidente, o atraso salarial está em quantos dias?

Jair – O atraso é de oito dias, contando o quinto dia útil, que foi no dia 7 de novembro. As contas públicas têm essa particularidade, mas fornecedores como as companhias de energia não esperam mais. Eles já estão cortando com menos de 15 dias de atraso.

Nosso medo é que a situação se agrave como em 2016, quando os atrasos chegaram a três meses. Hoje, temos apenas 43 dias para o fim desta gestão. É urgente lutar pelos pagamentos de outubro, novembro e dezembro. Cada dia que passa é um dia a menos para esta administração e um problema maior para a próxima.

NiqNews – Então, a greve está convocada para segunda-feira, dia 18. Caso o pagamento seja realizado antes disso, a paralisação será suspensa?

Jair – Sim, estamos convocando todos os funcionários, inclusive comissionados e contratados que estão sem receber. Meu pai dizia: “Quem quer, vai; quem não quer, manda.” Não deixe que outros decidam por você. Compareça à assembleia geral em frente à Prefeitura e vote pela paralisação ou não.

Se o prefeito pagar, suspenderemos a greve. Mas acho difícil. Temos informações detalhadas de toda a situação na Prefeitura. Sabemos que as contas estão bloqueadas, como consta no ofício 55/2024 enviado pela secretária de governo, doutora Nubiana, em resposta a um ofício nosso.

Apesar disso, os bloqueios não são permanentes. A Justiça libera os recursos à medida que atingem o montante necessário para quitar dívidas, como precatórios, consignados e outros débitos.

Nosso objetivo é claro: fechar a Prefeitura em estado de greve, respeitando os princípios legais. Serviços essenciais como saúde e limpeza urbana continuarão funcionando, mas o restante será paralisado até que os salários sejam quitados. O dinheiro que entrar será destinado exclusivamente ao pagamento da folha de outubro. Não aceitaremos outra prioridade.

O que disse o prefeito

Diante da iminente paralisação anunciada pelo Sindicato dos servidores municipais, o NiqNews procurou o chefe do Executivo para esclarecer a situação. Em resposta o prefeito reconheceu o atraso salarial e afirmou estar ciente do impacto causado. Ele explicou que o pagamento será realizado assim que as contas municipais forem desbloqueadas, o que atualmente depende da quitação de precatórios e outras dívidas.

O prefeito justificou que os atrasos decorrem do pagamento de precatórios referentes a dívidas trabalhistas da Prefeitura Municipal, além de empréstimos consignados não quitados pela Câmara de Vereadores. Ele ressaltou que sua gestão tem o compromisso de pagar rigorosamente em dia os salários dos servidores e classificou como desnecessário o desgaste gerado por uma paralisação neste momento.

Documento enviado pela Prefeitura ao sindicato que representa os servidores, no qual são detalhados os motivos do atraso nos pagamentos.

Nota da Câmara

Como a Câmara Municipal foi mencionada pelo presidente do sindicato e pelo prefeito, procuramos o presidente da Casa, vereador Diego Bonifácio de Carvalho. Em nota, ele afirmou estar tranquilo, ressaltando que a prestação de contas de sua gestão está em dia e que os exercícios de 2021 e 2022 foram aprovados pelo Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). Durante o contato telefônico, Diego reforçou sua posição e destacou que as contas da Câmara Municipal seguem rigorosamente em conformidade com a lei.

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