Na proposta final, aceita pela categoria, a Prefeitura concordou em pagar os valores retroativos referentes aos meses de abril, maio e junho, que serão quitados em três parcelas, nos meses de janeiro, fevereiro e março de 2026.
NiqNews/Gilmar Alves
A rotina nas escolas municipais de Niquelândia voltou ao normal na manhã desta terça-feira (17/06), com o retorno das aulas após 40 dias de greve dos professores da rede pública. A paralisação foi oficialmente encerrada durante uma assembleia realizada na segunda-feira (16) no auditório do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego), onde os profissionais decidiram aceitar a nova proposta da Prefeitura.
A greve, iniciada em maio, teve como principal pauta o reajuste salarial da categoria, que reivindicava 6,27%, percentual equivalente ao piso nacional do magistério estipulado pelo Ministério da Educação. No início das negociações, a Prefeitura ofereceu apenas 3%, o que motivou a chamada “greve branca”, com aulas reduzidas nos períodos matutino e vespertino.
Diante do impasse, a Prefeitura de Niquelândia recorreu à Justiça, que determinou a suspensão imediata da greve, sob pena de multa diária de R$ 30 mil. Mesmo assim, em nova assembleia no dia 27 de maio, o Sintego rejeitou a proposta inicial e decidiu manter a paralisação.

A situação só começou a se resolver após nova rodada de negociações. A administração municipal propôs um reajuste escalonado: 4,5% em junho e mais 1,77% em outubro, totalizando os 6,27% reivindicados. No entanto, os professores exigiram ainda o pagamento retroativo desde janeiro, o que foi negado inicialmente pela Prefeitura. A greve geral foi então decretada no dia 12 de junho.
Na proposta final, aceita pela categoria, a Prefeitura concordou em pagar os valores retroativos referentes aos meses de abril, maio e junho, que serão quitados em três parcelas, nos meses de janeiro, fevereiro e março de 2026. Já os servidores administrativos, que haviam ficado de fora da proposta anterior, receberão reajuste de 3% – ainda abaixo dos 4,77% solicitados pelo Sintego, mas considerados um avanço pela categoria.
“Foram, ao todo, 40 dias de paralisação e de uma negociação com muita luta, com grande resistência por parte da administração em nos conceder esse reajuste. Agora, pedimos aos vereadores que aprovem o projeto de lei com urgência para que entre na folha de pagamento de junho”, afirmou a presidente do Sintego, Maria Silvestre da Silva, ao Niquelândia News.

Em entrevista à Rádio 92,3 FM e ao portal Niquelândia News, Maria Silvestre destacou o papel do novo secretário municipal de Educação, Agripino, como fundamental para o desfecho positivo das negociações. “Observamos a autonomia do atual secretário, que conhece profundamente a realidade da educação no município. Isso fez toda a diferença. A ex-secretária também era qualificada, mas não tinha autonomia nas decisões”, apontou a presidente.
Procurado pela reportagem, o prefeito Eduardo Moreira, que estava em Goiânia, também comemorou o fim do impasse. “Fizemos essa nova proposta que foi aceita, o que me deixou muito feliz. O prejuízo com a paralisação era grande para todos: professores, alunos, pais e o próprio Executivo. Valorizamos os professores como nenhum outro gestor fez até hoje”, afirmou.
O prefeito também garantiu que a administração já está se organizando para evitar novos conflitos. “Vamos incluir no Plano Plurianual (PPA) e na Lei Orçamentária Anual (LOA) recursos para garantir o piso em 2026, caso o Ministério da Educação defina novo reajuste. No próximo ano, finalmente será colocado em prática o planejamento da nossa gestão”, declarou Eduardo Moreira.
Com o fim da greve, a expectativa agora é de retomada total das atividades nas escolas municipais, com reposição dos dias letivos perdidos e foco na recuperação da aprendizagem dos estudantes após mais de um mês de aulas parciais.
