Hoje é dia da padroeira de Goiás

Foto; WEB

Conheça a origem e História da Romaria de Nossa Senhora da Abadia do Muquém.

NIqNews/Gilmar Alves

Hoje, 15 de agosto, é dia de Nossa Senhora da Abadia, padroeira de Goiás. A Romaria de Nossa Senhora da Abadia do Muquém é considerada a mais antiga do Centro-Oeste brasileiro e uma das mais tradicionais do país. Realizada todos os anos, de 5 a 15 de agosto, celebra em 2025 seus 227 anos de história, simbolismo e fé.

Um dos maiores santuários dedicados à Nossa Senhora no Brasil, com capacidade para 28 mil pessoas sentadas. Foto: Santuário

Um evento que transforma o sertão goiano

A festa acontece no pequeno povoado de Muquém, distrito de Niquelândia, no Norte de Goiás, a 45 km da zona urbana e a cerca de 360 km da capital, Goiânia. Apesar do tamanho reduzido e da população modesta, o distrito abriga um dos maiores santuários dedicados à Nossa Senhora no Brasil, com capacidade para 28 mil pessoas sentadas. Nos dias da romaria, no entanto, o número de visitantes ultrapassa várias vezes essa capacidade, chegando a reunir mais de 400 mil romeiros.

Vista aérea do santuário e em volta os romeiros acampados. Foto: Santuário

Um dos momentos mais marcantes da festa é a missa no Morro Cruzeiro, a mais de 100 metros de altitude, que oferece uma vista panorâmica da região. Outra tradição é a procissão de 45 km entre Niquelândia e Muquém — considerada uma das maiores do país em extensão.

As várias versões sobre a origem

A origem da romaria não tem consenso único, mas há registros históricos, literários e orais que ajudam a compreender sua formação.

A versão literária

No romance O Ermitão do Muquém (1858), de Bernardo Guimarães — considerado o primeiro romance regionalista brasileiro — é narrada a história de um jovem devoto de Nossa Senhora da Abadia que, após matar acidentalmente um amigo, refugia-se no sertão e, salvo por um milagre da santa, torna-se um ermitão místico em Muquém.

Romance O Ermitão do Muquém (1858), de Bernardo Guimarães, Foto: Poeteiro WEB

O registro do santuário

Segundo o livro Senhora da Abadia, do padre Arlindo Ribeiro da Cunha (Diocese de Braga, Portugal), a devoção começou com a promessa de um português que explorava ouro na região. Em momento de aperto, prometeu trazer de Portugal uma imagem de Nossa Senhora da Abadia caso fosse atendido em sua súplica. Cumprindo o voto, colocou a imagem numa capela então dedicada a São Tomé, iniciando a tradição.

Livro Senhora da abadia, escrito em 1977 pelo padre Arlindo Ribeiro Cunha. Foto: Estante virtual

Versões históricas e folclóricas

A historiadora Megale (1997) cita o surgimento de um quilombo nas serras do Muquém, formado por escravizados fugitivos de minas da região. Após a captura dos quilombolas, construiu-se uma capela em homenagem a São Tomé Apóstolo.

Bispos e padres da Diocese de Uruaçu, como Dom Francisco Prada Carrijo (1978) e Dom José Silva Chaves (2003), registram que a imagem foi trazida ao Muquém em 1748 pelo português Antônio Antunes de Carvalho, acompanhado de famílias e escravos vindos da Bahia.

A tradição oral preservada por romeiros como Nicanor Azevedo (2018) fala de um velho ermitão que vivia nas matas, trazendo água e ouro para a comunidade, curando enfermos com a água do Córrego do Muquém. Uma pequena capela e um medalhão com a imagem de Nossa Senhora teriam dado origem à devoção. Outra narrativa conta que a imagem encontrada nas serras sempre retornava milagrosamente ao local original quando tentavam levá-la para a cidade.

O nome e o significado

“Abadia” vem do título dado ao superior de um mosteiro, o abade. A imagem original teria vindo do Mosteiro de Nossa Senhora da Abadia de Bouro, em Portugal. Já “Muquém” seria um termo indígena que designa uma grelha de varas usada para assar carne.

Expansão da devoção

O brigadeiro Cunha Mattos, em Chorographia Histórica da Província de Goyaz (1824), já registrava a fama do Muquém como centro de milagres e curas, atraindo fiéis de várias províncias brasileiras, como Minas Gerais, Mato Grosso, São Paulo, Bahia, Pará e Maranhão.

Hoje, a romaria é uma expressão viva do catolicismo popular, reunindo motivações religiosas, culturais, sociais e turísticas. É uma cidade temporária erguida no meio rural, símbolo da fé do povo goiano e parte fundamental do patrimônio imaterial de Goiás.


Redação: Gilmar Alves
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