O evento foi promovido por iniciativa da presidente da Casa, vereadora Andréia Ribeiro.
NiqNews/Gilmar Alves
Na manhã desta quarta-feira (24/09), o plenário da Câmara Municipal de Niquelândia recebeu uma programação especial em alusão ao Setembro Amarelo, campanha nacional de prevenção ao suicídio e valorização da vida. O evento foi promovido por iniciativa da presidente da Casa, vereadora Andréia Ribeiro, e contou com a participação de psicólogos, psicanalistas e autoridades locais.
A palestra, conduzida pela própria presidente, reuniu um bom público e teve como convidados os psicólogos Magley Junio e Daniela Guimarães, além da secretária de Assistência Social e Cidadania, Cláudia Moreira, que também é psicanalista.
Fatores de risco e sinais de alerta
Durante as falas, os palestrantes ressaltaram que entre os principais fatores de risco para o suicídio estão: histórico familiar, transtornos psiquiátricos, estresse crônico, ansiedade, traumas psicológicos, conflitos conjugais, mudanças bruscas na condição financeira e desemprego.
Foram apresentados exemplos que ajudam a identificar pessoas em sofrimento, como tristeza persistente, perda de interesse em atividades antes prazerosas, sentimento de inutilidade, isolamento social, alterações no sono e apetite, além de fadiga e dificuldade de concentração.
A importância de compreender os transtornos
A psicóloga Daniela Guimarães, que atua na rede municipal de saúde, trouxe uma abordagem diferenciada ao destacar que o suicídio não está relacionado apenas à depressão.
“Existem outros transtornos que também podem levar ao suicídio, como o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), a esquizofrenia, entre outros. É fundamental compreender a complexidade desses quadros e não reduzir o problema apenas à depressão. Por isso, reforço a importância de políticas públicas eficazes, de uma rede de apoio estruturada e da atenção contínua à saúde mental, especialmente diante dos índices elevados de suicídio”, pontuou.
O simbolismo do girassol
Em sua fala, a secretária Cláudia Moreira fez uma analogia com o girassol para ilustrar a importância do acolhimento.
“Falar sobre suicídio ainda é um tabu. Muitas pessoas não têm coragem de falar sobre o assunto, mas nós precisamos acolher, ouvir e ajudar. Devemos ser girassóis na vida das pessoas. O girassol sempre procura o sol, mas quando não tem forças, precisa do apoio de outro. Assim é o ser humano: precisamos estar ao lado, ouvindo e apoiando, para que essa pessoa consiga se reerguer”, destacou.
O impacto da tecnologia nas relações
Já o psicólogo e pastor Magley Junio chamou a atenção para o impacto da tecnologia na saúde emocional.
“Vivemos encantados com as redes sociais e muitas vezes acreditamos em padrões irreais. Isso cria comparações que aumentam a sensação de inadequação. As pessoas estão perdendo o contato humano, o olho no olho, o abraço. A pandemia mostrou como a falta de conexão real aumenta o adoecimento emocional. Precisamos das interações digitais, mas também precisamos do offline, da presença verdadeira”, frisou.
Avaliação da presidente da Câmara
“Foi uma manhã produtiva e acolhedora, com plenário cheio. Abordamos a valorização da vida e a importância de ouvir e estar próximo das pessoas. É preciso quebrar o tabu de que falar sobre suicídio atrai coisas ruins. Pelo contrário, falar sobre o tema salva vidas. Não somos médicos ou psicólogos, mas como cidadãos podemos direcionar e apoiar quem precisa de ajuda”, afirmou a parlamentar.
Atenção aos sintomas
O Niquelândia News destaca ainda que, além dos sintomas emocionais, a depressão pode se manifestar por sinais físicos, como:
- dores de cabeça frequentes;
- dores musculares e articulares;
- problemas digestivos (dor de estômago ou constipação);
- fadiga extrema.
Entre os sinais de alerta mais graves estão a desesperança profunda, isolamento social, incapacidade de realizar tarefas cotidianas e queda no desempenho em atividades comuns. Caso esses sintomas se intensifiquem, é fundamental procurar atendimento psiquiátrico e psicológico imediato, mesmo que haja resistência por parte da pessoa em sofrimento.
